Imigrantes sob ataque na Irlanda do Norte: protestos em Ballymena geram caos e medo

Um manifestante observa as chamas durante os protestos em Ballymena.[Clodagh Kilcoyne/Reuters]

Centenas de pessoas tomaram as ruas de Ballymena, na Irlanda do Norte, nesta quarta-feira (11), enfrentando policiais armados com escudos e canhões de água durante a terceira noite consecutiva de conflitos na cidade.

Apesar da tensão, a multidão se dispersou sem repetir as cenas caóticas das duas noites anteriores, quando casas e comércios foram incendiados e 32 policiais ficaram feridos.

Prisão de adolescentes desencadeia protestos

A onda de violência começou após a prisão de dois jovens acusados de tentativa de estupro contra uma garota da mesma idade. Eles compareceram ao tribunal na segunda-feira (9) e solicitaram um intérprete de romeno.

A polícia não confirmou a origem étnica dos suspeitos, que seguem sob custódia. No entanto, os ataques de segunda e terça-feira se concentraram em bairros onde vivem imigrantes romenos.

Governo condena ataques com motivação racial

Ministros de todos os partidos que compõem o governo da Irlanda do Norte condenaram, em nota conjunta divulgada nesta quarta-feira, a violência com motivação racial registrada nos últimos dias.

No comunicado, eles afirmam que moradores foram aterrorizados e que agentes da polícia ficaram feridos durante os ataques. Os líderes políticos pediram à população que rejeite o discurso de ódio e a divisão promovidos por uma minoria extremista.

Repressão policial e reforço de segurança

Em resposta ao que classificaram como “vandalismo racista”, a polícia local mobilizou unidades de choque com cães e pediu reforços às forças da Inglaterra e do País de Gales para conter os protestos.

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, criticou os episódios em Ballymena, chamando-os de “violência sem sentido”.

Outros ataques e clima de medo

Um manifestante mascarado atira um objeto em um bloqueio formado por carros da polícia de choque durante a terceira noite de manifestações anti-imigração em Ballymena. [Paul Faith/AFP]

Cerca de 32 quilômetros ao sudeste de Ballymena, em Larne, homens encapuzados incendiaram um centro de lazer que, segundo a imprensa local, estava temporariamente servindo de abrigo para pessoas evacuadas da cidade vizinha.

Moradores de Ballymena relataram cenas “aterrorizantes”, afirmando que os ataques tinham como alvo direto imigrantes. Em meio ao clima de medo, algumas famílias colocaram cartazes nas portas identificando-se como filipinas, enquanto outras penduraram bandeiras do Reino Unido para tentar afastar os agressores.

Condenação política e violência policial

A primeira-ministra da Irlanda do Norte, Michelle O’Neill, vice-presidente do Sinn Féin, classificou os atos como “abomináveis”.

Em nota, a Polícia da Irlanda do Norte (PSNI) afirmou que seus agentes “foram alvo de ataques constantes por várias horas, com coquetéis molotov, pedras, tijolos e fogos de artifício”.

Alguns policiais feridos precisaram de atendimento hospitalar. O chefe assistente da polícia, Ryan Henderson, denunciou os atos como “vandalismo racista”, deixando claro que foram “claramente motivados por racismo e direcionados à comunidade étnica minoritária e aos policiais”.



Fonte: aljazeera  



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