Cúpula em Bogotá reunirá países para pressionar Israel

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Cúpula em Bogotá reunirá países para pressionar Israel

Mais de 30 países estarão reunidos em Bogotá (Colômbia) no dia 16 de julho com o objetivo de discutir ações concretas contra Israel, em resposta às denúncias de violações do direito internacional na Faixa de Gaza. A iniciativa é liderada pelos governos da Colômbia e da África do Sul, que copresidem o chamado Grupo de Haia, uma aliança internacional formada para exigir responsabilização legal e diplomática de Israel pelas ações no território palestino.

O que é o Grupo de Haia?

O Grupo de Haia foi criado em janeiro de 2024, na cidade de Haia, nos Países Baixos (sede de tribunais internacionais, como o Tribunal Penal Internacional e o Tribunal Internacional de Justiça). O bloco surgiu com o apoio de países como Bolívia, Colômbia, Malásia e África do Sul, e tem como principal meta coordenar respostas jurídicas e diplomáticas a possíveis crimes cometidos contra os palestinos.

Segundo o ministro sul-africano Roland Lamola, o grupo marca uma nova fase na atuação internacional: "Nenhum país está acima da lei, e nenhum crime deve passar impune", afirmou.

O objetivo da cúpula internacional em Bogotá

Durante a cúpula, os países pretendem aprovar medidas jurídicas, diplomáticas e econômicas que ajudem a conter, com urgência, a destruição causada na Faixa de Gaza. O encontro também visa fortalecer o compromisso com o direito internacional e cobrar ações concretas diante das violações em curso.

O vice-ministro colombiano Mauricio Jaramillo alertou que o que está acontecendo com o povo palestino representa uma ameaça à ordem multilateral mundial. Para ele, a cúpula deve marcar uma virada: sair de discursos simbólicos e partir para ações práticas coordenadas.

Crise humanitária em Gaza: números alarmantes

Desde outubro de 2023, os bombardeios israelenses já causaram a morte de mais de 57 mil palestinos e deixaram quase toda a população da Faixa de Gaza deslocada. O território, densamente povoado, vive uma grave crise humanitária, com mais de dois milhões de pessoas passando fome em meio à destruição quase total de sua infraestrutura.

Diante desse cenário, a África do Sul abriu um processo contra Israel no Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) a principal corte da ONU , acusando o país de violar a Convenção sobre o Genocídio. Outros países como Bolívia, Colômbia e Namíbia apoiaram oficialmente a ação.

Medidas adotadas por países-membros do grupo

Alguns países já começaram a agir de forma independente. A Malásia e a Namíbia bloquearam em seus portos navios que transportavam armas destinadas a Israel. A Colômbia, por sua vez, anunciou a ruptura de relações diplomáticas com o governo israelense.

O objetivo agora é coordenar essas ações no âmbito do Grupo de Haia, buscando maior impacto político e diplomático conjunto.

Apoio internacional e críticas à omissão

A coordenadora do grupo, Varsha Gandikota-Nellutla, afirmou que a criação da aliança foi uma resposta à omissão de países poderosos. Ela destacou que muitos governos ignoraram mandados de prisão internacionais contra autoridades israelenses, como o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, e também o não cumprimento por parte de Israel de decisões emitidas pelo Tribunal Internacional de Justiça.

Participação do Brasil e da Irlanda

O Brasil é um dos países confirmados na cúpula, reforçando seu posicionamento histórico em defesa do direito internacional e de soluções diplomáticas para conflitos. A Irlanda também participará. O país europeu tem uma longa trajetória de apoio a causas de autodeterminação. (Vale lembrar que a Irlanda do Norte, parte do Reino Unido, passou por décadas de conflito por independência — contexto que gera empatia da sociedade irlandesa com o povo palestino.)

Um novo momento para a diplomacia global

Para Francesca Albanese, relatora especial da ONU para os direitos humanos na Palestina, a conferência em Bogotá representa um momento decisivo. Segundo ela, é urgente interromper o bloqueio a Gaza e desmantelar o sistema que impede os palestinos de viver com dignidade.

“Este encontro pode ficar marcado na história como o momento em que os países decidiram agir diante do silêncio global”, declarou Albanese.



Fonte: middleeasteye


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