Imigração na Irlanda: Governo enfrenta críticas de parlamentares

Imigração na Irlanda: Governo enfrenta críticas de parlamentares

Metrovoz
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Simon Harris, afirmou que a imigração é positiva para o país. Foto: The Guardian

O governo da Irlanda vem recebendo críticas por declarações que, segundo especialistas e parlamentares, podem ter intensificado o sentimento anti-imigração no país. O tema ganhou repercussão após protestos em frente ao centro IPAS em Citywest (IPAS é o Instituto de Proteção e Acolhimento Social, que oferece abrigo temporário, alimentação e serviços básicos a pessoas que solicitam asilo; Citywest é uma região da cidade de Dublin) e após um incêndio criminoso em uma residência que abrigava requerentes de asilo em Drogheda (cidade ao norte de Dublin, próxima à costa, conhecida por seu crescimento urbano e importância econômica).

Vice-primeiro-ministro defende regras para imigração

O vice-primeiro-ministro da Irlanda, Simon Harris, afirmou que a imigração é positiva, mas destacou a necessidade de regras que garantam a coesão social (nível de integração e harmonia dentro da sociedade, onde diferentes grupos convivem respeitosamente e compartilham um sentimento de pertencimento, evitando conflitos e desigualdades extremas).

Harris comentou que "existe um limite para o que a Irlanda pode fazer pelos imigrantes" e que algumas pessoas tentam "encerrar o debate" sobre o tema. Ele citou dados do Instituto de Pesquisa Econômica e Social, mostrando que a população está crescendo "muito mais rápido do que as projeções iniciais", impactando serviços públicos e habitação.

Segundo Harris, para cada 10 mil pessoas que chegam ao país, seriam necessárias cerca de 3 mil novas casas. Ele defendeu um debate racional e bem-informado, baseado em evidências, sem rotular ou silenciar os cidadãos: "Não se trata de esquerda ou direita, mas de ter uma política sensata".

Parlamentares pedem maior proteção aos requerentes de asilo

No Dáil (equivalente ao Congresso Nacional da Irlanda, onde deputados discutem e aprovam leis), a líder trabalhista Ivana Bacik classificou os comentários do governo como irresponsáveis e pediu mais proteção para os residentes dos centros IPAS, alertando para o perigo de ataques ou perseguições direcionadas a grupos vulneráveis, como imigrantes, de forma organizada ou repetida.

A deputada social-democrata Holly Cairns também criticou a linguagem utilizada pelo governo, especialmente após o incêndio em Drogheda, que colocou em risco quatro crianças. Cairns afirmou que a retórica anti-imigração contribuiu para criar um ambiente hostil, aumentando medo e violência contra pessoas vulneráveis. Ela ainda lembrou que o governo iniciou a cobrança de aluguel de residentes que trabalham nos centros IPAS, reforçando a sensação de culpabilização dos imigrantes.

O deputado Paul Murphy, do partido People Before Profit, destacou a ligação entre mensagens veladas de líderes governamentais e a perseguição a requerentes de asilo. Ele afirmou que mais de 30 incidentes semelhantes já ocorreram em centros de acolhimento no país, atribuídos a grupos da extrema-direita, e pediu um debate urgente sobre a segurança dos imigrantes.

Governo defende contribuição financeira dos residentes

Em resposta, o primeiro ministro da Irlanda, Micheál Martin, afirmou que é justo que requerentes de Proteção Internacional que trabalham contribuam com os custos de alimentação e alojamento. Ele disse que a medida será implementada nos próximos nove meses e que o governo está organizando a estrutura administrativa necessária para isso.

O ministro das Despesas Públicas, Jack Chambers, reforçou que a coligação não pretende semear discórdia, mas sim garantir um sistema de acolhimento sustentável e justo para todos os requerentes de asilo.


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