Lula avalia medidas contra tarifas dos EUA sem pressa
O presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que o Brasil não adotará imediatamente tarifas retaliatórias contra os Estados Unidos, apesar dos impostos de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os EUA, a maior taxa aplicada a qualquer país, exceto a Índia.
A Câmara de Comércio Exterior do Brasil (CAMEX, órgão que regula comércio internacional) iniciou a análise de possíveis contramedidas de acordo com a legislação brasileira. Lula ressaltou que o processo é demorado e deve seguir critérios legais, afirmando que "não tenho pressa. O que eu quero é negociar".
Contexto das tarifas e processo judicial de Bolsonaro
As tarifas americanas foram impostas a partir de 1º de agosto, em meio a tensões políticas ligadas ao ex presidente Jair Bolsonaro, que governou o Brasil entre 2019 e 2023. Bolsonaro enfrenta investigações legais, incluindo um julgamento por supostamente tentar anular os resultados da eleição de 2022, na qual perdeu para Lula. O veredito é esperado para o início de setembro.
Trump, em carta a Lula em julho, criticou o julgamento de Bolsonaro, acusando o Brasil de censura a vozes de direita e anunciando a tarifa de 50% como consequência. A carta também advertia que qualquer aumento adicional nas tarifas brasileiras seria somado aos 50% já aplicados pelos EUA.
Além disso, o governo americano aplicou sanções e retirou vistos de autoridades brasileiras, medidas consideradas por Lula como interferência no processo legal brasileiro.
Ações diplomáticas e comerciais
Em resposta, o governo brasileiro apresentou uma queixa à Organização Mundial do Comércio (OMC), alegando violação de acordos internacionais. Caso as consultas iniciais não resultem em acordo, um painel da OMC poderá analisar o caso formalmente.
O Itamaraty, com autorização de Lula, pediu à CAMEX que avaliasse a aplicação de uma lei de reciprocidade aprovada pelo Congresso, permitindo medidas retaliatórias caso as tarifas americanas permaneçam. A CAMEX terá 30 dias para apresentar conclusões sobre a legislação.
Lula reafirmou que o Brasil busca negociações e não quer uma guerra comercial, mas destacou que não sacrificará a soberania do país. Ele reforçou que o Brasil está aberto ao diálogo, mas não se curvará às exigências dos EUA.
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