Mais de 5 mil crianças estão sem moradia em todo o país

Mais de 5 mil crianças estão sem moradia em todo o país

Metrovoz

 



Um total de 5.014 crianças tiveram acesso a acomodações de emergência no mês passado (foto de arquivo)


O drama da falta de moradia atingiu um marco doloroso no último mês: mais de 5.000 crianças foram registradas como desabrigadas e vivendo em acomodações de emergência fornecidas pelo Estado. Os números, divulgados pelo Departamento de Habitação, mostram que 5.014 menores de idade estavam nessa situação, o maior índice já registrado.

No total, 16.058 pessoas recorreram a abrigos e moradias temporárias no mesmo período, contra 15.915 em junho. O dado revela um crescimento contínuo da população em situação de rua, que quase dobrou em quatro anos, saltando de 8.132 em julho de 2021 para mais de 16 mil em julho deste ano.

Crianças sem lar: a face mais dura da crise habitacional

Para a Focus Ireland, entidade de apoio a pessoas em situação de vulnerabilidade, os números são “chocantes” e expõem uma realidade inaceitável. O diretor executivo da organização, Pat Dennigan, destacou que o aumento coincide com o período de retorno às aulas.

“Estamos falando do equivalente a 220 salas de aula cheias de crianças sem um lar. Muitas voltam para a escola após noites em alojamentos de emergência, algo que nenhuma criança deveria enfrentar”, afirmou Dennigan.

Pressão sobre serviços sociais

Simon Community, outra instituição dedicada ao combate à falta de moradia, relatou um aumento na procura por alojamento, bancos de alimentos e apoio social. A diretora executiva, Ber Grogan, reforçou a necessidade de medidas preventivas, cobrando do governo que o Orçamento de 2026 priorize ações para evitar que mais famílias sejam empurradas para os abrigos.

“Precisamos criar saídas reais para essas pessoas, mas, acima de tudo, precisamos impedir que milhares sejam forçados a viver esse trauma ano após ano”, afirmou Grogan.

Críticas ao governo e apelos urgentes

Representantes políticos reagiram com indignação. A porta-voz do Sinn Féin(partido político), Louise O’Reilly, classificou os dados como uma “acusação contundente” contra o governo. Já Rory Hearne, do partido social-democratas, disse que o marco “deveria envergonhar toda a sociedade”.

“Não falamos apenas de estatísticas, mas de vidas. Essas crianças têm seu bem-estar e futuro comprometidos por escolhas políticas equivocadas”, afirmou Hearne.

Para Conor Sheehan, do Partido Trabalhista, a situação é um “escândalo nacional”. Ele destacou ainda que os números oficiais não capturam a chamada falta de moradia oculta, quando famílias se abrigam em condições precárias sem aparecer nas estatísticas.

“Quando uma criança perde o lar, perde também parte da infância. Estamos condenando mais de 5 mil crianças a viver em condições comparáveis a prisões. E sabemos que esse número pode ser ainda maior”, concluiu Sheehan.

O impacto humano por trás dos números

A realidade das 5.014 crianças sem moradia revela um problema que vai além da economia: é uma questão social e humana. Pesquisas mostram que a infância em situação de rua está ligada a piores resultados em saúde mental, educação e integração social.

Enquanto o debate político avança, milhares de famílias seguem vivendo a incerteza diária de onde irão dormir. Para especialistas e organizações sociais, a urgência é clara: nenhuma criança deveria crescer sem um lar.








Fonte: RTÉ( um dos principais veículos jornalísticos da Irlanda)