Irlanda: Jim Gavin desiste da corrida presidencial

Irlanda: Jim Gavin desiste da corrida presidencial

Metrovoz


Pôster da campanha eleitoral de Jim Gavin
Um pôster eleitoral de Jim Gavin. Foto: Alamy Stock Photo


Jim Gavin, de 54 anos, candidato do partido de centro-direita Fianna Fáil, anunciou que deixará a disputa pela presidência da Irlanda, reconhecendo que “cometeu um erro que não condiz com seu caráter”. Com a saída de Gavin, permanecem na corrida apenas Heather Humphreys, pelo Fine Gael (centro-direita), e Catherine Connolly, candidata sem partido político.

A decisão veio após grande repercussão e questionamentos durante um debate presidencial exibido pela RTÉ(emissora de TV Irlandesa), motivados por alegações de que ele devia a um antigo inquilino €3.000 (R$ 18.677,70) referentes a um aluguel pago há 16 anos.

Gavin e sua esposa haviam alugado um apartamento no norte de Dublin para diferentes inquilinos. Entre 2007 e 2009, um casal morou no imóvel e, segundo as acusações, devido a uma ordem judicial em vigor, vários meses de aluguel teriam sido pagos de forma indevida a Gavin. O ex-inquilino teria tentado entrar em contato para pedir o reembolso, mas, apesar da promessa, o valor nunca foi devolvido. Na época, o imóvel não estava registrado.

O caso gerou desconforto entre os apoiadores do Fianna Fáil, incluindo o líder do partido e primeiro-ministro Micheál Martin, que já enfrentava resistência interna por ter apoiado a candidatura de Gavin. Em comunicado divulgado pelo partido, o ex-candidato declarou:

“Os últimos dias me fizeram refletir. Cometi um erro que não condiz com meu caráter e com os padrões que estabeleci para mim mesmo. Estou tomando medidas para resolver a situação. Também considerei o impacto da campanha sobre minha família e amigos. Por isso, decidi me retirar da disputa presidencial imediatamente e voltar aos braços da minha família.”

Erro de cálculo grave

Billy Kelleher, membro do Parlamento Europeu e filiado ao Fianna Fáil, que também tentou a indicação do partido para a presidência, classificou o episódio como “um erro de cálculo grave” e afirmou que decisões assim precisam ter consequências.

“Muitas pessoas estão chateadas com isso em todo o país”, declarou. Segundo ele, o caso pode abalar a moral interna do partido. Kelleher acrescentou que, apesar da saída de Gavin, não vê necessidade de discutir a liderança, mas defende que o processo de seleção de candidatos seja revisto para evitar novos problemas.

Ministros mobilizados para apoiar Gavin

O deputado Pádraig O'Sullivan, também do Fianna Fáil, classificou a desistência de Gavin como “embaraçosa” para o partido. Ele afirmou que ministros foram mobilizados para apoiar o ex-candidato, mesmo sem saber muito sobre suas propostas.

“Foi desanimador ver membros experientes do partido sendo levados a apoiar alguém que muitos nem conheciam”, disse O’Sullivan em entrevista ao programa News At One, da emissora irlandesa RTÉ.

Recursos públicos devem ser devolvidos

A ministra da Criança, Deficiência e Igualdade, Norma Foley, afirmou que qualquer recurso público utilizado por Gavin deve ser restituído.

“Se há valores a serem pagos, devem ser devolvidos, não há dúvida sobre isso”, disse. A ministra elogiou a decisão de Gavin de abandonar a corrida presidencial, considerando-a correta, mesmo diante das dificuldades enfrentadas pelo Fianna Fáil, que agora não conta com nenhum candidato na disputa.

Retirada foi a decisão correta

O primeiro-ministro Micheál Martin apoiou a decisão de Gavin, reconhecendo o peso da escolha e destacando seu histórico de dedicação ao serviço público.

As duas candidatas restantes também se pronunciaram. Catherine Connolly afirmou que qualquer pessoa disposta a contribuir para um país melhor merece reconhecimento e desejou sucesso a Gavin e sua família. Heather Humphreys, por sua vez, destacou o legado de Gavin nas Forças Armadas e no futebol gaélico, elogiando a decisão de priorizar a família.